É baixo porque o preço é alto? Ou o preço é alto porque o consumo é baixo?
A possibilidade de integração com diferentes sistemas de produção animal e vegetal, o rápido retorno econômico e o amplo mercado consumidor a ser conquistado, principalmente o de produtos cárneos, faz com que a ovinocultura se torne uma atividade economicamente viável, tanto para a agricultura familiar como para grandes empreendimentos da agroindústria, porém, para ser norteada precisa atender a critérios e princípios específicos como um bom desempenho econômico, bem-estar animal, responsabilidade social, impacto ambiental, saúde pública e ética empresarial.
Atualmente no Brasil, o rebanho de ovinos chega a 13.8 milhões, com o Nordeste liderando a estimativa com 65% de rebanho, sendo a região com maior quantidade de animais. Para muitos, o Rio Grande do Sul é a região com o maior rebanho, contudo, essa região viu um decréscimo de 21% do seu rebanho. Embora haja uma queda no rebanho total do Brasil, principalmente quando comparado com 2006 que foi o ano que registrou o maior rebanho, a comercialização e o consumo cresceram quase 50%, mesmo com o consumo médio da carne de ovinos estagnado em 1 kg/ano por habitante não pode nem ser comparado com a carne bovina que detém 35 kg/ano.
A desinformação do mercado e a falta de estudos em relação ao assunto estão dificultando muito a entrada e permanência de novos produtores, pois para profissionalizar qualquer segmento, a base de dados e informações do mercado são fundamentais para o sucesso do produtor e da própria empresa. A solução seria valorizar as empresas e universidades que atuam na pesquisa e incentivar que trabalhem a ovinocultura como um dos principais focos.
Falta também, um conjunto de tecnologia e padrão de produção, dar voz a todos que atuam no campo no dia a dia, união de toda cadeia produtiva - assim como aconteceu na Nova Zelândia- fazendo-se com que ocorra um alinhamento entre a oferta e demanda, diminuindo a variação do preço do cordeiro, facilitando a consolidação dele no mercado, sabendo que a alta variação de preço prejudica toda a cadeia, considerando que o frigorífico não consegue absorver a oferta na entressafra e o distribuidor não consegue repassar para o consumidor, levando a uma ruptura para o consumidor final, fazendo com que o cordeiro seja considerado um produto supérfluo.
Ainda existem poucos frigoríficos especializados em ovinos, preferindo bovinos, suínos e aves, pois são nessas espécies que tem o maior volume, afinal um ovino de 40 kg tem um rendimento de carcaça 42% por volta de 13 kg de carne, se o frigorífico necessita de 24 toneladas para diluir os custos, precisa de 1.832 cabeça/mês, o que é muito difícil, ainda mais falando sobre animais padronizados, enfrentando ainda, o abate clandestino e a falta de fiscalização, fazendo com que os custos dos frigoríficos especializados se torne alto.
Além de tudo isso, ainda ocorre a falta de políticas públicas, assistência técnica, crédito para financiamento e incentivo à atividade. A ovinocultura pode gerar renda a pequenos produtores, frigoríficos, aos distribuidores e comerciantes, portanto, voltando à questão inicial, a junção entre ausência da cultura de consumo, produção e de apoio governamental que torna o consumo baixo e os preços altos. Uma mudança de mentalidade deve ser feita, a ovinocultura brasileira pode ser a maior do mundo, tem terra, clima e mercado consumidor, podendo se tornar a maior força da pecuária Brasileira.
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