Você já conhece o NEPROC?
- Niegi Alana da Rosa
- 16 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de fev. de 2021
O Núcleo de Estudos em Produção e Reprodução de Ovinos e Caprinos da UFJ contribui para a oferta de carne ovina na região.

O setor teve início no ano de 2011 com a chegada da Profª Drª Roberta Moura à Universidade Federal de Jataí, atual responsável pelo NEPROC, contando com a colaboração de outros professores e um grupo de alunos. No intuito de montar o setor, a mesma pediu aos produtores da região com quem tinha contato a doação de animais que estivessem descartando do seu rebanho. Com a ajuda de alguns alunos dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia, com o recebimento de dez matrizes e a doação de um reprodutor, o rebanho começou a aumentar e o setor passou a funcionar oficialmente recebendo o nome de Núcleo de Estudos em Produção e Reprodução de Ovinos e Caprinos (NEPROC).
“No início não havia nenhuma benfeitoria no setor, apenas uma cerca para bovinos ao redor da área, com muitos cupins. A água para os animais era disponibilizada por uma caixa d’água que era reabastecida por um caminhão pipa 2 vezes por semana. Também não possuía energia elétrica”, afirmou a Profª Drª Roberta relatando sobre as dificuldades no início do setor.

Atualmente com ajuda de alunos e funcionários, a estrutura do setor foi melhorada. Hoje o setor conta com água canalizada, energia elétrica, barracão para os animais, contêiner que funciona como escritório e depósito de materiais, banheiro, capineira e 12 piquetes de pastagens, com cercas próprias para ovinos, sendo 4 de Tifton, 1 em fase de implantação com Jiggs e 7 de Braquiária.
Dentre as atividades realizadas no NEPROC estão os manejos de limpeza dos cochos, bebedouros e instalações dos animais diariamente, afim de minimizar a incidência de doenças, como a coccidiose. Diariamente é realizada no setor a avaliação dos pastos para a tomada de decisão quanto ao rodízio dos piquetes e a cada dois dias é feita a reposição de sal mineral específico para ovinos, nos cochos de todo o rebanho, de forma que o consumo seja sempre à vontade.
Outras atividades como o teste de Famacha a cada 15 dias, casqueamento preventivo do rebanho a cada dois meses, exame de OPG a cada seis meses, estação de monta controlada e inseminação artificial das fêmeas aptas à reprodução a cada oito meses, vacinação do rebanho contra raiva e clostridioses, e tosquia dos animais também são realizadas no setor.
As atividades são realizadas pelos alunos voluntários e/ou bolsistas, e pelo funcionário do setor sob tutoria da Profª Drª Roberta Moura. “Os alunos que permanecem por mais tempo no Setor recebem todos os treinamentos ministrados por mim, sobre as principais práticas de manejo, e com o tempo vão adquirindo experiências até estarem aptos a executarem os manejos sozinhos e para atuarem no mercado de trabalho em propriedades de ovinos”, afirma Roberta.
Os cordeiros são comercializados para abate quando atingem a média de 35 kg. Segundo Roberta, “como utilizamos cruzamento industrial, sendo a raça materna a Santa Inês e a raça paterna a Dorper, raça altamente especializada para produção de carne, conseguimos esse peso de abate entre 3,5 e 4,5 meses de idade”.

Alguns projetos são executados no setor, mas um ao qual chamou bastante atenção dos alunos na época foi o trabalho de enriquecimento ambiental, segundo Roberta o projeto surgiu no intuito de minimizar o estresse dos cordeiros no período de desmame. “Eles sempre conseguiam vazar alguma cerca, mesmo as cercas de Tela Campestre® ou pelos colchetes para irem ao encontro com suas mães. Além da perda de peso ocasionada neste momento devido ao stress da separação”, afirma a professora.
Neste projeto, foram separados dois lotes de cordeiros onde um permaneceu em um piquete com a presença de vários brinquedos como escada de pneus, garrafas pets, bolas e arcos pendurados em um estaleiro e o outro lote em um piquete sem brinquedos. E foram avaliados quanto ao ganho de peso médio diário e infestação parasitária, como indicativo de queda de imunidade. Percebemos que os cordeiros que tinham acesso aos brinquedos realmente interagiam com eles, porém em ambos os lotes o número de cordeiros era muito pequeno, o que nos motiva a pensar na repetição deste ensaio sobre enriquecimento ambiental, com maior número de cordeiros.

Segundo a Profª Drª Roberta a maior dificuldade do setor consiste na falta de recursos financeiros, contudo o desafio de se produzir com o que se tem leva ao aproveitamento de materiais, adaptação e a inovação. “Costumo falar para os alunos que se aqui, em meio às nossas limitações conseguimos ter produtividade, ao se depararem com propriedades com mais recursos, o trabalho será tão mais fácil que não terá trabalho”, disse Roberta.
Para o futuro do setor a tutora pensa em continuar reformando os pastos para viabilizar o aumento no número de matrizes e com isso aumentar o número de cordeiros para abate. Com o rendimento, melhorias na benfeitoria do setor poderão ser realizadas, contribuindo com o mercado de carne ovina que hoje tem sua demanda maior que sua oferta.
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